Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavras
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisa transformadas.
Folhas que vão no vento: verde harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguem pode vencer estas espadas:
nas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
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