domingo, abril 19, 2009

Voltar a Pintar (FRAGMENTOS)

(Tela - Abril/2009)

"(...) a cultura dos grafitos em Pompeia
era suficientemente sofisticada
para zombar de si própria.
Um verso, que foi encontrado
rabiscado em quatro sítios diferentes
da cidade sempre por uma mão diferente,
diz o seguinte:
«Parede admiro-te por não te teres
desmoronado em ruínas quando tens
de suportar tanta escrita monótona sobre ti.»"
Bryan Ward-Perkins in
"A Queda de Roma e o Fim da Civilização"


sexta-feira, abril 17, 2009

"ETAPAS"


"Uma garota perguntou a um garoto
se ele achava ela bonita,

e ele disse: NÃO!
Ela perguntou se ele queria ficar com ela
para sempre,

e ele disse:NÃO!
Então ela perguntou a ele se ele iria chorar
se ela fosse embora,

e mais uma vez, ele respondeu com um NÃO.
Ela já tinha ouvido demais.
Assim que ela estava indo embora,
lágrimas caíram da sua face e o
rapaz agarrou seu braço e disse:

Você não é bonita..
você é linda!..
Eu não quero ficar com você para sempre..
Eu preciso ficar com você pra sempre!..
E eu não iria chorar se você fosse embora...
eu morreria!!."

"A vida é como uma caminhada, mesmo sem nada e com muitos obstáculos, o importante é chegar do outro lado."
Paulo Henrique Bobato

quarta-feira, abril 08, 2009

JANTAR A DOIS



Adão e Eva


Olhámo-nos um dia,
E cada um de nós sonhou que achara
O par que a alma e a cara lhe pedia.

- E cada um de nós sonhou que o achara...

E entre nós dois
Se deu, depois, o caso da maçã e da serpente,
... Se deu, e se dará continuamente:

Na palma da tua mão,
Me ofertaste, e eu mordi, o fruto do pecado.

- Meu nome é Adão...

E em que furor sagrado
Os nossos corpos nus e desejosos
Como serpentes brancas se enroscaram,
Tentando ser um só!

Ó beijos angustiados e raivosos
Que as nossas pobres bocas se atiraram
Sobre um leito de terra, cinza e pó!

Ó abraços que os braços apertaram,
Dedos que se misturaram!

Ó ânsia que sofreste, ó ânsia que sofri,
Sede que nada mata, ânsia sem fim!
- Tu de entrar em mim,
Eu de entrar em ti.

Assim toda te deste,
E assim todo me dei:

Sobre o teu longo corpo agonizante,
Meu inferno celeste,
Cem vezes morri, prostrado...
Cem vezes ressuscitei
Para uma dor mais vibrante
E um prazer mais torturado.

E enquanto as nossas bocas se esmagavam,
E as doces curvas do teu corpo se ajustavam
Às linhas fortes do meu,
Os nossos olhos muito perto, imensos,
No desespero desse abraço mudo,
Confessaram-se tudo!
... Enquanto nós pairávamos, suspensos
Entre a terra e o céu.

Assim as almas se entregaram,
Como os corpos se tinham entregado,
Assim duas metades se amoldaram
Ante as barbas, que tremeram,
Do velho Pai desprezado!

E assim Eva e Adão se conheceram:

Tu conheceste a força dos meus pulsos,
A miséria do meu ser,
Os recantos da minha humanidade,
A grandeza do meu amor cruel,
Os veios de oiro que o meu barro trouxe...

Eu, os teus nervos convulsos,
O teu poder,
A tua fragilidade
Os sinais da tua pele,
O gosto do teu sangue doce...

Depois...

Depois o quê, amor? Depois, mais nada,
- Que Jeová não sabe perdoar!

O Arcanjo entre nós dois abrira a longa espada...

Continuamos a ser dois,
E nunca nos pudemos penetrar!

José Régio

domingo, abril 05, 2009

Voltar a Pintar (a minha sobrinha)

"nova pintura Abril/2009"
Distinguir

Nascer,
crescere continuamente aprender.

Ensinar,
identificare
naturalmente classificar.
Distinguir,
perguntar:

Como se distingue um homem de um animal?
Como se distingue um homem de outro homem?
e consequentemente responder.
Um homem,
não se distingue
pelo que tem,
pode
ou obtém.
Mas sim,
pela atitude que toma
em relação a outro homem.

in Letras, Palavras e Linhas: Gestos pela diferença