quinta-feira, abril 27, 2006

SAUDADES


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas a amada já...
Saudade é amar um passado que
ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe
o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca
dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo
deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudade,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos
é nunca ter sofrido.
Pablo Neruda

PORTA ABERTA


Se alguém te procura

Com frio... é porque você tem o cobertor
com alegria...... é porque você tem o sorriso
com lágrimas... é porque você tem o lenço
com versos é... porque você tem a música
com dor é... porque você tem o curativo
com palavras é... porque você tem a audição
com fome é... porque você tem o alimento
com beijos... é porque você tem o mel
com dúvidas... é porque você tem o caminho
com orquestras... é porque você tem a festa
com desânimo... é porque você tem o estímulo
com fantasias... é porque você tem a realidade
com desespero... é porque você tem a serenidade
com entusiasmo... é porque você tem o brilho
com segredos ...é porque você tem a cumplicidade
com tumultos ...é porque você tem a meditação
com confiança ...é porque você tem o azul
com medo.. é porque você tem o amor

Ninguém chega por acaso à VOCÊ!!


Dely Durante Farias

quarta-feira, abril 26, 2006

Cada Momento


Um amigo meu abriu a gaveta da cômoda da sua esposa e pegou num pequeno pacote embrulhado com papel de seda:"Isto - disse - não é um simples pacote."Tirou o papel que o envolvia e observou a bonita seda e a caixa.
"Ela comprou isto na primeira vez que fomos a Nova York, há uns 8 ou 9 anos.Nunca o usou. Estava a guardar para uma ocasião especial.
Bem, creio que esta é a ocasião.
Aproximou-se da cama e colocou a prenda junto com as outras roupas
que ia levar para a funerária, a esposa tinha acabado de morrer.
Virando-se para mim, disse:"Não guardes nada para uma ocasião especial.
Cada dia que se vive é uma ocasião especial".
Ainda estou a pensar que estas palavras já mudaram a minha vida.
Agora estou a ler mais e a limpar menos. Sento-me no terraço e admiro a vista sem me preocupar com as pragas.
Passo mais tempo com a minha família e menos tempo no trabalho.
Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiências a desfrutar,
não para sobreviver. Já não guardo nada. Uso os copos de cristal todos os dias. Se me der vontade ponho uma roupa nova para ir ao supermercado.
Já não guardo meu melhor perfume para ocasiões especiais,
uso-o quando tenho vontade.
As frases "algum dia..." e "qualquer dia..." estão a desaparecer do
meu vocabulário.Se vale a pena ver, escutar ou fazer, quero ver,
escutar ou fazer agora. Não sei o que teria feito a esposa do meu amigo
se soubesse que não estaria aqui na próxima manhã,
coisa que todos nós ignoramos.
Creio que teria chamado seus familiares e amigos mais próximos.
Talvez chamasse alguns amigos antigos para desculpar-se
e fazer as pazes por possíveis desgostos do passado.
Gosto de pensar que teria ido comer comida chinesa, sua favorita.
São estas pequenas coisas deixadas por fazer que me fariam
desgostoso se eu soubesse que minhas horas estão limitadas.
Desgostoso, porque deixaria de ver amigos com quem iria
encontrar cartas...cartas que pensava escrever
"qualquer dia destes".
Desgostoso e triste, porque não disse a meus irmãos
e aos meus filhos, com suficiente freqüência, que os amo.
Agora, trato de não atrasar, adiar ou guardar nada que traria risos
e alegria para nossas vidas.
E, a cada manhã, digo a mim mesmo que este pode ser um dia especial.
Cada dia, cada hora, cada minuto, é especial.
Se recebeste isto, é porque alguém gosta de ti e porque,
provavelmente, há pessoas de quem tu gostas.
Se estás muito ocupado para gastar uns minutos
para enviar isto para outras pessoas e se
dizes a ti mesmo que o enviarás
"um dia destes",
pensa que este "um dia" está muito distante...
ou pode não chegar nunca...

sexta-feira, abril 21, 2006

SENTIR



Já os sentimentos têm história, envolvem tanto nossas memórias quanto nossas intenções. Um beijo, por exemplo, pode produzir uma sensação passageira ou se transformar em carícia. Nessa hora, vêm à tona todos os nossos desejos, nossos medos e nossas lembranças. Aí precisamos de tempo para registrarmos o que sentimos, para digerirmos, para sabermos o que aquele beijo significou. A verdade é que, quanto mais sentimos a nós mesmos, mais poderemos entrar na vida do outro. Entretanto, nada garante que ao decidirmos sentir, sentiremos o melhor. Apenas sentiremos mais. Mais desejo, mais esperança, mais medo, mais prazer... Descobrimos que nossos sentimentos descongelaram e começaram a fluir quando, um dia, começamos a sentir: vinte minutos de alegria, trinta de raiva, quarenta de indiferença, quinze de verdadeiro desespero; mas não só isso, talvez também duas horas de paz e amor. Nessa altura dizemos: "Eu me sinto, sinto você, sinto a nós" . Sinto que amo. Ficamos, assim, capazes de nos voltarmos para o outro para conseguirmos sustentação e apoio. Aí vem a noção de juntar, unir, confiar, arriscar, começar.
Maria Helena Matarazzo

Acordar


Acordar cada manhã é como nascer de novo,
como se cada dia fosse a vida inteira.
Aproveite o momento de despertar e
imagine-se por alguns instantes
de mão dadas com a pessoa amada,
sob uma fonte de onde jorra uma água
límpida e cristalina,
e que esta água os está
lavando das atribulações que
impedem o amor de fluir.

quinta-feira, abril 20, 2006

Assim como falham as palavras
quando querem exprimir qualquer
pensamento,
Assim falham os pensamentos
quando querem exprimir qualquer
realidade.
Mas, como a realidade pensada não é a dita
mas a pensada,
Assim a mesma dita realidade existe,
não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono
que temos,
Uma velhice que nos acompanha desde
a infância da doença.
Alberto Caeiro, 1-10-1917
Webmaster: Bethynha

terça-feira, abril 18, 2006

A DOR

A dor da perda é a visita da morte à vida, e sem dor não há vida, porque nos apegamos demais com tudo que possuímos, ou seja, pensamos que possuímos, na verdade nos foi emprestado, inclusive a carne, e como tal, um dia teremos que devolver ao universo. A morte é uma profunda dor que todos se perguntam: Mas como pode? Então deixe que essa dor grite, deixe essa dor explodir, porque é a saudade que está doendo. Não devemos sofrer demais com ela, apenas viver a vida em paz, serenamente e acreditar que a transcendência é um encontro com Deus na luz de seus ensinamentos. Se enfrenta a morte dando gargalhadas, como no dia em que nascemos, para que ela não seja a última palavra da nossa vida.
Quando meu dia chegar quero um epitáfio assim:
"Aqui começo tudo de novo"
ou, se for cremado:
"Na ditadura do céu, ouço sussurros das estrelas por mim".

CARLOS ALBERTO POTOKO

A Morte


«Cada coisa ou ser que nasce parece
uma vida nova que entre nós vem existir.
Vemos como a pequena forma cresce
e vive e se converte, pouco a pouco,
em factor de nossas vidas,
durante dias, meses e anos.
Chega um momento, por fim,
em que a forma definha,
morre e se desagrega.
A vida que veio, não sabemos de onde,
passou ao invisível Além e,
com tristeza, perguntamos:
De onde veio?
Porque esteve aqui?
Para onde foi?»
Max Heindel

quarta-feira, abril 12, 2006

Beijo

Simplicidade de um papel...
e de um sentimento tão bem definido.

terça-feira, abril 11, 2006

Alma Gemea


Às vezes as pessoas que amamos nos magoam,
e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada
com nosso coração machucado....
Às vezes nos falta esperança, mas alguém aparece para nos confortar...
Às vezes o amor nos machuca profundamente,
e vamos nos recuperando muito
lentamente dessa ferida tão dolorosa...
Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos
acreditar,tanto quanto precisamos respirar, é nossa razão de existir...
Às vezes estamos sem rumo, mas alguém
entra em nossa vida, e se torna o nosso destino...
Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas,
e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa...
Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer,
nos faz querer parar de viver, até que algo toque
nosso coração, algo simples como a beleza
de um por do sol, a magnitude de uma noite
estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em
nosso rosto, é a força da natureza nos chamando
para a vida...
Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras
e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade...
Você entende que o que para você era amizade, para
outros era apenas conveniência, oportunismo...
Você descobre que algumas pessoas nunca disseram eu te amo,
e por isso nunca fizeram amor, apenas fizeram sexo,
descobre também que outras disseram eu te amo
uma única vez e agora temem dizer novamente,
e com razão, mas se o seu sentimento for sincero
poderá ajudá-las a reconstruir um coração quebrantado....
Não deixe de acreditar no amor, mas certifique-se
de estar entregando seu coração para alguém
que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá,...
Manifeste suas idéias e planos, para saber se
vocês combinam, esteja aberto a algumas alterações,
mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoa
te deixar, então nada irá lhe restar...
Aproveite ao máximo seus momentos de felicidade,
quando menos esperamos iniciam-se períodos difíceis
em nossas vidas...
Tenha sempre em mente que às vezes tentar
salvar um relacionamento, manter um grande amor,
pode ter um preço muito alto se esse sentimento
não for recíproco,..
Pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar
e seu sofrimento será ainda mais intenso, do que
teria sido no passado...
Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes
isso é necessário,..
Existe uma diferença muito grande entre conhecer
o caminho e percorrê-lo...
Não procure querer conhecer seu futuro antes da hora,
nem exagere em seu sofrimento, esperar é dar uma
chance à vida para que ela coloque a pessoa certa
em seu caminho...
A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna....
A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante
é que ela venha para ficar e não esteja apenas
de passagem...
como acontece com muitas pessoas
que cruzam nosso caminho....

sábado, abril 08, 2006

Esperança




"Há momentos onde o cansaço excede a esperança de estar em paz.Há momentos onde a tristeza alcança a doce alegria que nos acompanha. Há momentos onde a desistência fala mais alto, restando-nos o vazio, a espera. Há momentos onde somos obrigados a dar limites, quando na realidade gostaríamos de seguir livres pelos caminhos que escolhemos. Há momentos onde falar mais alto parece ser mais importante que calarmos na doçura do silêncio e da compreensão. A paz não é vazia, anterior a ela existe um longo aprendizado, por isto a necessidade de tantos momentos vividos... Dá alívio saber que nada é para sempre. Dá alegria saber que tudo é passível de mudanças. Dá tranqüilidade saber que podemos aprender e reaprender, lapidando dia a dia a pedra bruta que oculta o diamante que trazemos dentro de nós. Renascer a cada momento, eis a fonte da onde brota o conhecimento tão necessário para que possamos seguir cada vez mais confiantes e serenos"

Sonho


Beijossssssssssssssssssssssss.

terça-feira, abril 04, 2006

Começo ou Fim?


Se o começo principiasse no fim,
Se o fim principiasse no começo,
Teria a certeza de que o fim não seria deveras o fim …
Seria apenas o princípio do começo…
Não será o fim o começo?
Não considero o viver o começar, nem a morte o acabar.
O fim é a surpresa,
É a emoção forte de descobrirmos
Que chegou a hora de começar,
No que julgamos estar a acabar…
Quando,
Num repentino fechar de olhos,
Sentirmos a luz,
Aquela Luz Verdadeira …
Não ouviremos os aplausos de um acabar estrondoso,
Mas um silêncio de um começo …
Viver…
Aprender…
Aguardar que com certeza há-de
chegar o dia de começar.

segunda-feira, abril 03, 2006

A Lição

A Lição do Vasco.

- Explica-me os morangos.- Os morangos?
(Ele quer que eu lhe explique "os morangos"?)
- Os morangos não se explicam. Quando muito, podem descrever-se. Olha, o mesmo se passa com a saudade. Não se explica. Mas também não se compreende. E também não se descreve, porque cada um sente-a de forma diversa, mas única.
(...)
- Percebeste alguma coisa do que eu disse?
(...)
- Explica-me a saudade.
- Hum... Deixa ver...
(Porque é que ele só faz perguntas difíceis?)
- A saudade é um aperto no peito. É uma aridez. Quando sentes saudade sentes-te só.- O que é estar só?- É não ter ninguém com quem falar.- Então o meu cão está só.- O teu cão? Porquê?
(!)
- Porque não tem ninguém com quem falar.- Mas os cães não falam, ladram.- O meu cão fala. Só que eu não percebo o que ele diz porque não sei falar a língua dele. Quando for mais crescido vou para uma escola aprender. E tu, sabes falar com o meu cão?- Receio bem que não. Mal consigo comunicar com os homens, quanto mais com os cães!- Mas tu já és crescida. Não andaste na escola?- Sim, andei.- E não sabes falar com o cão?- Na escola não se aprende língua de cão.- Como é que sabes?- Porque sei. Porque não há nenhuma disciplina com esse nome.- Como é que sabes que não há nenhuma disciplina com esse nome?- Sei porque quando eu andava a estudar não havia.- Tens saudades? Da tua escola?- Tenho... Muitas.- E dos meninos?- Dos meninos também. E dos professores, dos funcionários.- Não os vês há muito tempo?- Há imenso tempo. Tanto que já nem sei.- Não te lembras?- Não.
(...)
- Então, não me explicas a saudade?- Explico.
(Explico?!)
- Mas tu disseste que a saudade não se explica.- Pois disse. Mas vou tentar explicar. Não sei se vou conseguir.- Ora tenta...- Está bem. Olha, a saudade é como uma cova na areia. O vento faz covas na areia, não faz?
(Ele confirma que sim com a cabeça.)
- Pois é, mas quem faz a cova da saudade não é o vento, é o tempo. E depois quando nós estamos na praia vamos enchendo as covas de areia com água do mar, não é?
(Novo acentimento.)
- Ora bem... Quando te recordas de uma pessoa com saudade, também enches a cova da saudade, não de água, mas com memórias, compreendes?
(Olha-me atentamente, os olhitos esbugalhados, sorvendo cada palavra minha.)
- Só que por muita água que deites na cova de areia ela nunca fica cheia, pois não?- Não, porque a água escorrega pelos grãos!- Exactamente. Com a saudade, também é assim. Tentas não esquecer a pessoa, enchendo a cova com recordações, mas as recordações também se perdem por entre os grãos de tempo...- E a cova da saudade nunca se enche.- Pois não. A cova da saudade está sempre aberta, no teu coração. Nunca consegues enchê-la, nunca consegues fechá-la. É como que uma ferida aberta.
(...)
- Bem, espero que tenhas ficado com uma ideia do que é a saudade.- Hum... Acho que fiquei. Mas posso fazer uma pergunta?- Sim, claro.- Porque é que em vez de enchermos a cova com água não enchemos com cimento? Assim o cimento não escorre pela areia e a cova fica fechada para sempre!
(Olhei-o nos olhos, com ternura.)
- Mas é claro que nós também fechamos covas de saudade com cimento! Fazemo-lo sempre que queremos selar uma parte da nossa vida, sempre que queremos colocar uma pedra sobre determinado facto da nossa existência, sobre a lembrança de certa pessoa... Fazemo-lo com grandes pazadas de cimento, energicamente, quanto mais depressa melhor. Nunca me tinha lembrado disso... Mas é totalmente verdade!
O Vasco, cinco anos, fez-me compreender o que é a saudade. Obrigou-me a dar explicações, a encontrar uma imagem, um vocabulário, fez-me teorizar.
Às vezes, é bom teorizar sobre as coisas que acontecem na nossa vida. Sabendo explicá-las, a nossa cabeça torna-se aliada do coração, porque deixa de ser só ele a sentir, para passar a ser ele - o coração - a sentir e ela - a cabeça - a entender.
Continuei a passear com o Vasco e com o cão. A manhã começou escura, mas lentamente o sol despontou e o final de tarde fez-se agradável, em tons de cor de laranja e lilás. As nuvens continuavam o seu percurso célere, graças ao vento...
- Não vamos ter com os meus pais?- Sim, claro, vamos que já é tarde.- Posso fazer só mais uma pergunta?- Podes.- Também tens uma cova, não tens?- Uma cova?- Sim, de saudade.- Tenho...
(Bolas, será vidente?)
- Mas... mas... como sabes?- Hum... é que pareces cansada. Deve ser por estares sempre a tentar enchê-la de água. Estás triste. É por não conseguires tapá-la, não é?- É.
(Silêncio constrangedor.)
- Olha, deixa lá, não chores por causa disso. Se fechasses essa cova, o tempo ou o vento ou lá o que é abria outra, não era?- Era, Vasco. O vento ou o tempo ou as pegadas dos outros, sei lá!.... Estão sempre a abrir covas no meu coração...- Eu tenho um balde de brincar na praia. Se quiseres empresto-to para encheres com água.
Obrigada, Vasco. Obrigada por quereres ajudar-me. O teu pequeno balde será fundamental, bem como são os teus pequenos olhos atentos, brilhantes, geniais. Obrigada pela lição de hoje.
- Passeamos juntos o cão amanhã?
O Vasco abraça-me, dá-me um beijo rápido e desata a correr, ladeado pelo cão, em direcção ao pai.
(Retirado do blog - Rabiscado pela Mente Assumida)

sábado, abril 01, 2006