segunda-feira, maio 29, 2006

Mundo



Estava eu sentado, perto do mar, a ouvir com pouca atenção um amigo meu que falava arrebatadamente de um assunto qualquer, que me era apenas fastidioso. Sem ter consciência disso, pus-me a olhar para uma pequena quantidade de areia que entretanto apanhara com a mão; de súbito vi a beleza requintada de cada um daqueles pequenos grãos; apercebia-me de que cada pequena partícula, em vez de ser desinteressante, era feito de acordo com um padrão geométrico perfeito, com ângulos bem definidos, cada um deles dardejando uma luz intensa; cada um daqueles pequenos cristais tinha o brilho de um arco-íris... Os raios atravessavam-se uns aos outros, constituindo pequenos padrões, duma beleza tal que me deixava sem respiração... Foi então que, subitamente, a minha consciência como que se iluminou por dentro e percebi, duma forma viva, que todo o universo é feito de partículas de material, partículas que por mais desinteressantes ou desprovidas de vida que possam parecer, nunca deixam de estar carregadas daquela beleza intensa e vital. Durante um segundo ou dois, o mundo pareceu-me uma chama de glória. E uma vez extinta essa chama, ficou-me qualquer coisa que junca mais esqueci que me faz pensar constantemente na beleza que encerra cada um dos mais ínfimos fragmentos de matéria à nossa volta.

Aldous Huxley

terça-feira, maio 23, 2006

Força


Que vale a vida afinal
quando chegamos a este ponto?
Deixou de ser romance:
é crônica banal
ou conto.

Vale a pena seguir ?
Sem aquele entusiasmo
aquelas ânsias,
sem aquela força de querer,
só para continuar, e se repetir...
( mais pelo hábito da vida
que pela alegria de viver ?)

Vale a pena continuar ?
Ou é melhor fugir ( fugir ou parar
que são formas diferentes de morrer...)

Já de nada me espanto,
talvez seja tudo paradoxal
mas começo a desconfiar que está chegando
esse momento extraordinário,
em que devo me recolher para ouvir o canto
de meu coração solitário...

( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. IV - 1a edição 1965 )

segunda-feira, maio 22, 2006

O Menino e o Cão


Um menino entra na loja de animais e
pergunta o preço dos filhotes à venda.
- Entre 30 e 50 dólares, respondeu o dono.
O menino puxou uns trocados do bolso e disse:
- Mas, eu só tenho 3 dólares ...

- Poderia ver os filhotes?
O dono da loja sorriu e chamou Lady,
a mãe dos cachorrinhos, que veio correndo,
seguida de cinco bolinhas de pêlo.
Um dos cachorrinhos vinha mais atrás,
com dificuldade, mancando de forma visível.
O menino apontou aquele cachorrinho e perguntou:
- O que é que há com ele?
O dono da loja explicou que o veterinário tinha
examinado e descoberto que ele tinha
um problema na junta do quadril,
mancaria e andaria devagar para sempre.
O menino se animou e disse com enorme alegria no olhar:
- Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!
O dono da loja respondeu:
- Não, você não vai querer comprar esse.
Se quiser realmente ficar com ele,
eu lhe dou de presente.
O menino emudeceu e,
com os olhos marejados de lágrimas,
olhou firme para o dono da loja e falou:
- Eu não quero que você o dê para mim.
Aquele cachorrinho vale tanto quanto
qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo.
Na verdade, eu lhe dou 3 dólares agora
e 50 centavos por mês, até completar o preço total.
Surpreso, o dono da loja contestou:
- Você não pode querer realmente comprar
este cachorrinho.
Ele nunca vai poder correr,
pular e brincar com você
e com os outros cachorrinhos.
O menino ficou muito sério,
acocorou-se e levantou lentamente
a perna esquerda da calça,
deixando à mostra a prótese que usava para andar.
Olhou bem para o dono da loja e respondeu:
- Veja, não tenho uma perna ...
Eu não corro muito bem
e o cachorrinho vai precisar de
alguém que entenda isso.
Às vezes, desprezamos as pessoas
com que convivemos todos os dias,
por causa dos seus "defeitos",
quando na verdade somos tão iguais
ou pior do que elas.
Desconsideramos que essas mesmas
pessoas precisam apenas de alguém
que as compreendam e as amem,
não pelo que elas poderiam fazer,
mas pelo que realmente são.

http://www.encantosepaixoes.com.br

Um dia de Cada Vez


Não perca tempo chorando
se a vida pode melhorar
Nem se culpe se perdeu
o que queria ganhar.
Hoje é outro dia!
Volte a sorrir
mesmo se o ontem lhe deu
motivo para chorar.
O mundo é redondo
e gira dentro e fora de nós
numa dança permanente
com altos e baixos
em si, dó, mi ou fá...
Acorde o bom humor
Vista seus melhores sonhos
e aguarde pelo melhor.
Escolha seu tom
convide alguém especial
para entrar no compasso
acompanhar o seu passo
e dançar juntinho a música
que a vida quiser.
Angela Moura

Imaginàrio



"Vivemos num mundo imaginário,
construído segundo os conceitos apriorísticos
que formamos das pessoas
e coisas que nos cercam.
Neste sentido,
a vida será efetivamente um sonho.
Veremos as coisas não como são,
mas conforme nosso espírito as concebe.
Muitas vezes nos é dado,
no curso dos dias,
retificar alguns desses erros do conhecimento.
Mas quantos outros,
e às vezes substanciais,
nos acompanharão até à morte?"
Segundo Cyro dos Anjos:
(Abdias, J. Olympio, 5. ed. 1957, p. 256)

quarta-feira, maio 17, 2006

Uma Lição de Lealdade


"O cão o ama pelo que você realmente é,
não pelo que você pensa ser ou pelo que gostaria de ser."

A verdade básica da vida está no que as pessoas pensam e sentem a seu próprio respeito. Ao contrário dos animais, muita gente tenta enganar aos outros e até a si mesmos, sem perceber que agindo assim, só se prejudicam. O homem é o mais inteligente dos seres criados por Deus, mas um cão reconhecido é muito superior a um ser humano falso. O sentido real que se pode encontrar para uma vida feliz é ser honesto e leal com sua própria consciência. É poder deitar a cabeça no travesseiro sem sentir que ficou devendo algo a alguém ou, o que é pior, a si próprio. O que deve vir em primeiro lugar numa pessoa é a verdade consigo mesmo.

As relações de amizade tornam-se mais reais quando as pessoas não mentem a si mesmas, embora a verdade, às vezes, se torne dura de ser aceita.Quanto mais esperta uma pessoa for, mas há de perceber que sendo leal, facilmente conseguirá da vida aquilo que deseja.Todos os animais são o que são, o homem torna-se o que é. Deve conquistar sua essência.O lema de todos deveria ser a sinceridade, a lealdade, a honestidade e o respeito pela natureza.


sexta-feira, maio 12, 2006

Dança Comigo... Este Bolero


Dança Comigo... Este Bolero

Vem.. dança comigo este bolero
Conduz-me suavemente nestes acordes,
estreita-me em teu peito,
cola teu rosto ao meu,
troquemos em sussuros nossas promessas de Amor..!!
Vem.. divide comigo a magia que este bolero provoca,
no compasso destes passos,
deixando desejos à flor da pele,
lábios tãos pertos em sussurros que se calam num doce beijo apaixonado.
Vem, deixemos o compasso nos levar,
na doce magia deste bailar,
cadenciando nossos sentidos nos românticos acordes deste bolero.
Vens..!?!
Thais S Francisco
" Beijaflor "

quarta-feira, maio 10, 2006

O Amor é algo que...


Amor é algo que se sente
independente da vontade de alguém
e é um sentimento muito pessoal
é como uma impressão digital
por isso não existirão nunca dois amores iguais.
Amor não é para ser entendido nem correspondido;
Amor é para ser vivido compartilhado.
Nunca cobrado,
Sempre oferecido.
Ao mesmo tempo em que se parece
com um pássaro arredio e desconfiado,
porque parece nos abandonar
as vezes sem que nos tenhamos dado conta.
Amor é muito confundido,
às vezes por não conhecermos
a fundo o nome de outros sentimentos
confundimos muito do que sentimos
com amor ou com a falta dele.
Mas é impossível.
Sem ele não há vida,
não haveria sorrisos,
nem tantas outras coisas que julgamos boas,
mas que só existem por causa da existência
do Amor...

quinta-feira, maio 04, 2006

Conversas...olhares...

Conversas...Olhares...

Conversas...
Olhares,
Furtivamente cruzados,
Numa troca de pensamentos,
Como se conversados
Pudessem ser os sentimentos!
Sussurros,
Tão silenciosamente partilhados,
Que fazem nascer sorrisos,
Como segredos murmurados
De conversas e avisos...
Palavras,
Alegremente ditas,
Num fugidio segundo,
Outras, mais tímidas, escritas
No coração, bem fundo!
Conversas,
Que marcam vidas,
Como punhais cravados,
Cicatrizes jamais esquecidas,
De momentos partilhados......

Por olhares, sussurros e palavras!

OLHARES

Que nossos olhares não se percam,
nem mesmo em estradas empoeiradas...
Que se procurem até mesmo sobre vidraças embaçadas...
Até mesmo no telhado distraído, contando estrelas...
Que não se percam nos primeiros muros de heras.
Que não se desviem das feras.
Tomara que juntos, sigam o vôo do beija-flor...
Que se encontrem no jardim ilusionista.
Aí então, cerre os olhos dessa menina dos teus olhos.
Deixe que ela voe pra dentro dos meus.
Porque a menina dos meus, carrega nas mãos uma tulipa...
Meus dedos obedecem o comando do cérebro das minhas mãos.
As minhas mãos obedecem o comando do cérebro do meu coração.
Seria a razão...
unindo letrinha com letrinha?
Enter, próxima linha...
Que teclado absurdo... daria pra deletar o enter?
Entrelaçando meus dedos,
o cérebro da mão se entrelaça.
Mas e o do coração?
Deletaria o fim.
Um pedaço do meu coração desesperado,
pulsa na tua mão.
MAC

quarta-feira, maio 03, 2006

Nossos Velhos


Nossos Velhos

Pais heróis e mães rainhas do lar.
Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos.
Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá prá implicar com a empregada.
O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?
Fizeram 80 anos.
Nossos pais envelhecem.
Ninguém havia nos preparado para isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que para isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam.
Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu.
Estão com manchas na pele.
Ficam tristes de repente.
Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.
Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: calça de brim? frege? auto de praça?
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi.
Essa nossa intolerância só pode ser medo.
Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.
É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
/Marta Medeiros/